segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Última vez

Dizem que nunca se sabe
Da última vez que vemos alguém
Um dia se acorda
Noutro é amém

Da voz que me chama
Não sei pronde quer me levar
Pro fundo da terra
À deriva, no mar

Da última vez
Que eu vi o teu rosto
Só tinha desgosto
Que me fez chorar

Eu rezo hoje à noite
E peço, amanhã
Que eu veja tua cara
A me encarar

Pra você lembrar
Do meu caderninho
Que tem um cantinho
Só sobre você

Pra você apagar
Uma coisa ou outra
Me jurar no dedo
Que não vai morrer

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Quando os outros falam

Tem dias que a voz some
Tem noites de cigarro
Manhãs de pigarro
Tardes que consomem

Foi numa noite dessas
Talvez fosse até de dia
O telefone tocou, rouco
Atendi meio às pressas

A voz lá dentro, sei de cor
O ritmo, o tom, o timbre
Não sei o quê denunciou
Tudo ia de mal a pior

Eu tranquei a cadeado
Procurei o choro por todos os lados
E nada

Eu contei até vinte
E escutei, no canto do ouvido ruim
Calada

Da próxima vez que você me ameaçar

Vou sem nem pensar, correndo
Vou atrás, nem que seja morrendo
Pela primeira vez, você vai me escutar.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Cansaço

Cansei de escrever coisa bonita
Vou escrever tanta merda,
Que a privada vai ficar entupida

Não dá mais pra segurar com a barriga
Quando todo dia alguém que se ama
Morre, foge, abandona ou fica desaparecida

Agora só uso palavra feia, escrota, esquisita
Em versos diretos, secos e cortantes
Chega de frase mal entendida


(jun/2012)