Na minha terrinha, galo canta de só de dia, quando sente a luz do sol esquentar o gogó. Juro que pras terras de cá é diferente. Galo canta a noite toda, pra despertar o sono da gente.
Mas, um dia, a gataria há de se instalar.
Pega o galo, mata e come, faz um baita dum jantar.
(E Mainha,
Ave Maria,
Lá na sala de estar)
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
De(sol)ação
Sempre gostei de fazer tudo só
Que nem quando tentei
Preparar um bobó
Eu acordei triste que dava dó
Tantos dias, pensei,
Faltam para o Sol
Ensolarar
Que nem quando tentei
Preparar um bobó
Eu acordei triste que dava dó
Tantos dias, pensei,
Faltam para o Sol
Ensolarar
domingo, 18 de agosto de 2013
Cravo e Canela
Eu já te vi cantar
Muito melhor que passarinho
Bem-te-vi, pequenininho
Eu já te vi dançar
No meio de todo mundo
Rebolando, descadeirando
E de tanto ando, pensava ela,
Foi que o presente ressurgiu
Feito goma na panela
Primeiro de abril
Minha cara, toda amarela,
Viu que tu nunca se abriu
Mesmo sendo Gabriela,
Mesmo sob o céu anil
Muito melhor que passarinho
Bem-te-vi, pequenininho
Eu já te vi dançar
No meio de todo mundo
Rebolando, descadeirando
E de tanto ando, pensava ela,
Foi que o presente ressurgiu
Feito goma na panela
Primeiro de abril
Minha cara, toda amarela,
Viu que tu nunca se abriu
Mesmo sendo Gabriela,
Mesmo sob o céu anil
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Bolivariano
Tudo o que se pede
É uma curva
Uma cor que fede
Dentro da água turva
Tudo o que se pensa
Foi a pergunta
Com tom de ofensa
Da conta conjunta
É uma curva
Uma cor que fede
Dentro da água turva
Tudo o que se pensa
Foi a pergunta
Com tom de ofensa
Da conta conjunta
domingo, 9 de junho de 2013
Asma
Casa é quando a gente deixa o espírito respirar
Não tenho casa
Sou asmática
Me falta o ar
(abr/2013)
Não tenho casa
Sou asmática
Me falta o ar
(abr/2013)
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Tristeza
Aconteceu
Que você não sorriu
Pra mim, de manhã
Feito dia de abril
Apareceu
Tanta coisa quebrada
Tanta roupa rasgada
Coisa tão sutil
Mas deixa isso pra lá
E vem aqui comigo juntar
Tua tristeza com a minha
Vou doar tuas roupas rasgadas
Pro mendigo da minha rua
E vou vestir melhor
Tua pele nua
Mas deixa isso pra mim
Que eu carrego por você
Vamos desaparecer
Vou bordar nas tuas mãos
Um anel de diamante
Tu serás meu gigante
Pronto pra amanhecer
Que você não sorriu
Pra mim, de manhã
Feito dia de abril
Apareceu
Tanta coisa quebrada
Tanta roupa rasgada
Coisa tão sutil
Mas deixa isso pra lá
E vem aqui comigo juntar
Tua tristeza com a minha
Vou doar tuas roupas rasgadas
Pro mendigo da minha rua
E vou vestir melhor
Tua pele nua
Mas deixa isso pra mim
Que eu carrego por você
Vamos desaparecer
Vou bordar nas tuas mãos
Um anel de diamante
Tu serás meu gigante
Pronto pra amanhecer
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Gustavo
Adoro ver você sair
Pela porta da minha casa
Me gusta ver te a partir
E eu fico aqui sem fazer nada
Como é bom ver meu amor
Sozinho andando pelas ruas
Me gusta ver te sin pudor
Tocando otras peles nuas
Mas, coisa linda da minha vida,
É nessa hora de despedida
Que eu vejo que eu tenho saliva
Los otros chicos me gustan também
Mas, estrupício de uma figa,
Vou te quebrar com uma viga
De aço duro e resistente
Porque te quiero muito bem
Eu já dormi por mais de ano
E acordei sem nem saber
Que não era nenhum engano
Yo tengo tudo, menos usted
Não venha me dizer agora
Eu também tenho minha vez
Que já passou de meia hora
Pra você ter chegado às seis
Mas, imbecil da minha vida,
Eu sou a mulher bem mais valida
Nesse lugar que tantas hijas
Choram por gente igual você
Mas, idiota, essa cara lambida
Não tira o cheiro daquela encardida
Nem to aqui pra sua ferida
Tu no es hombre pra me merecer
(fev. 2007)
Pela porta da minha casa
Me gusta ver te a partir
E eu fico aqui sem fazer nada
Como é bom ver meu amor
Sozinho andando pelas ruas
Me gusta ver te sin pudor
Tocando otras peles nuas
Mas, coisa linda da minha vida,
É nessa hora de despedida
Que eu vejo que eu tenho saliva
Los otros chicos me gustan também
Mas, estrupício de uma figa,
Vou te quebrar com uma viga
De aço duro e resistente
Porque te quiero muito bem
Eu já dormi por mais de ano
E acordei sem nem saber
Que não era nenhum engano
Yo tengo tudo, menos usted
Não venha me dizer agora
Eu também tenho minha vez
Que já passou de meia hora
Pra você ter chegado às seis
Mas, imbecil da minha vida,
Eu sou a mulher bem mais valida
Nesse lugar que tantas hijas
Choram por gente igual você
Mas, idiota, essa cara lambida
Não tira o cheiro daquela encardida
Nem to aqui pra sua ferida
Tu no es hombre pra me merecer
(fev. 2007)
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Xiiiii
No fundo do copo
Tinha um silêncio
Guardado pra depois
O copo esvaziou
A língua desembestou
Feijão com arroz
Tinha um silêncio
Guardado pra depois
O copo esvaziou
A língua desembestou
Feijão com arroz
Alemar
Olhos, pele e cabelos negros
Carregando seus pesos
Por saberem que lá havia
Alguém que os espera
E, todo santo dia,
Enfrenta uma quimera
Pra, na primavera, chegar
Quem ficou, quem foi
Pr'além mar
Carregando seus pesos
Por saberem que lá havia
Alguém que os espera
E, todo santo dia,
Enfrenta uma quimera
Pra, na primavera, chegar
Quem ficou, quem foi
Pr'além mar
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Controle
Quero matar todos vocês, cortá-los em pedacinhos, jogá-los aos tubarões, pescar os tubarões, fazer um prato bem gostoso com eles, contratar garçons e músicos pra tocarem num jantar que farei para suas mães.
Musa inspiradora
A pior coisa que já me aconteceu foi perder a vontade de escrever. Dizem, com palavras bonitas, "perder a inspiração". Acho que não perdi inspiração nenhuma, só não conseguia expirar. Era um negócio agoniante ficar com tanto ar dentro dos pulmões e nada do ar sair. Parecia que tinha chegado pra mim uma aposentadoria do lápis e do caderninho sem linha, o fim de uma carreira que mal começou.
Aí, hoje, pensei: e se eu estiver escrevendo dentro de mim? Pois é bem isso mesmo. Virei uma mãe ciumenta e super protetora que não consegue ver os filhos em perigo, muito menos sendo julgados por quem não os conhece, não os criou.
Estou tatuando nas minhas vísceras, usando minhas veias e artérias como linhas.
Estou grávida de palavras.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Papel Teimoso
Seu Elias escutou
Baixinho, no ouvido velho
O ambulante aos berros
Vendendo doce barato
No bolso esquerdo
Duas moedinhas brindavam
Por sair da caixa do cobrador
Direto para o vovô
Comprou uma bala
Com gosto de menta
Papel verdinho
Da cor do mato
Pousou a bala
Debaixo da língua
Sentiu o açúcar
Esverdeado
Ele olhou
Para o papel de bala
Lembrou do gado
Do sertão, a morrer
"Vou jogar fora
Esse papel babado"
Pela janela,
Viu desaparecer
Pois bem atrás.
No banco, dormindo,
Tinha um casal
Apaixonado
Elias fechou uma janela
Logo após largar o rejeitado
E o papel voltou, pela outra,
Desesperado
E o casal foi, então,
Acordado!
Baixinho, no ouvido velho
O ambulante aos berros
Vendendo doce barato
No bolso esquerdo
Duas moedinhas brindavam
Por sair da caixa do cobrador
Direto para o vovô
Comprou uma bala
Com gosto de menta
Papel verdinho
Da cor do mato
Pousou a bala
Debaixo da língua
Sentiu o açúcar
Esverdeado
Ele olhou
Para o papel de bala
Lembrou do gado
Do sertão, a morrer
"Vou jogar fora
Esse papel babado"
Pela janela,
Viu desaparecer
Pois bem atrás.
No banco, dormindo,
Tinha um casal
Apaixonado
Elias fechou uma janela
Logo após largar o rejeitado
E o papel voltou, pela outra,
Desesperado
E o casal foi, então,
Acordado!
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Última vez
Dizem que nunca se sabe
Da última vez que vemos alguém
Um dia se acorda
Noutro é amém
Da voz que me chama
Não sei pronde quer me levar
Pro fundo da terra
À deriva, no mar
Da última vez
Que eu vi o teu rosto
Só tinha desgosto
Que me fez chorar
Eu rezo hoje à noite
E peço, amanhã
Que eu veja tua cara
A me encarar
Pra você lembrar
Do meu caderninho
Que tem um cantinho
Só sobre você
Pra você apagar
Uma coisa ou outra
Me jurar no dedo
Que não vai morrer
Da última vez que vemos alguém
Um dia se acorda
Noutro é amém
Da voz que me chama
Não sei pronde quer me levar
Pro fundo da terra
À deriva, no mar
Da última vez
Que eu vi o teu rosto
Só tinha desgosto
Que me fez chorar
Eu rezo hoje à noite
E peço, amanhã
Que eu veja tua cara
A me encarar
Pra você lembrar
Do meu caderninho
Que tem um cantinho
Só sobre você
Pra você apagar
Uma coisa ou outra
Me jurar no dedo
Que não vai morrer
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Quando os outros falam
Tem dias que a voz some
Tem noites de cigarro
Manhãs de pigarro
Tardes que consomem
Foi numa noite dessas
Talvez fosse até de dia
O telefone tocou, rouco
Atendi meio às pressas
A voz lá dentro, sei de cor
O ritmo, o tom, o timbre
Não sei o quê denunciou
Tudo ia de mal a pior
Eu tranquei a cadeado
Procurei o choro por todos os lados
E nada
Eu contei até vinte
E escutei, no canto do ouvido ruim
Calada
Da próxima vez que você me ameaçar
Vou sem nem pensar, correndo
Vou atrás, nem que seja morrendo
Pela primeira vez, você vai me escutar.
Tem noites de cigarro
Manhãs de pigarro
Tardes que consomem
Foi numa noite dessas
Talvez fosse até de dia
O telefone tocou, rouco
Atendi meio às pressas
A voz lá dentro, sei de cor
O ritmo, o tom, o timbre
Não sei o quê denunciou
Tudo ia de mal a pior
Eu tranquei a cadeado
Procurei o choro por todos os lados
E nada
Eu contei até vinte
E escutei, no canto do ouvido ruim
Calada
Da próxima vez que você me ameaçar
Vou sem nem pensar, correndo
Vou atrás, nem que seja morrendo
Pela primeira vez, você vai me escutar.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Cansaço
Cansei de escrever coisa bonita
Vou escrever tanta merda,
Que a privada vai ficar entupida
Não dá mais pra segurar com a barriga
Quando todo dia alguém que se ama
Morre, foge, abandona ou fica desaparecida
Agora só uso palavra feia, escrota, esquisita
Em versos diretos, secos e cortantes
Chega de frase mal entendida
(jun/2012)
Vou escrever tanta merda,
Que a privada vai ficar entupida
Não dá mais pra segurar com a barriga
Quando todo dia alguém que se ama
Morre, foge, abandona ou fica desaparecida
Agora só uso palavra feia, escrota, esquisita
Em versos diretos, secos e cortantes
Chega de frase mal entendida
(jun/2012)
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